Jean Marc Gaspard Itard, nasceu na cidade de Provençal de Oraison no sul da França no dia 24 de abril de 1774 e morreu no dia 5 de julho de 1838 em Paris. Jean Itard foi criado por seu tio, na cidade cônego da catedral de Riez, e em seguida foi para Marsella, onde concluiu seus estudos básicos.
Desde que foram escritos, entre 1801 e 1805 os relatórios de Jean Itard têm conhecido sucessivos eclipses seguidos de redescobertas. Narrativas datadas de quase duzentos anos, os relatórios de Jean Itard continuam extremamente atuais e provocadores, não só pela situação que apresentam, como pelo relato de uma experiência pedagógica com características peculiares, ou seja, a tentativa de educação de uma "criança selvagem". Diferentes pesquisadores cujos nomes se encontram relacionados ao campo educacional e clínico e mais precisamente ao que denominamos de educação especial, se interessaram por esse trabalho. Assim é que a médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) entusiasma-se, no final do século XIX, de tal forma pelos relatórios de Itard que os recopia à mão. Em 1914, o nome de Itard é mencionado, em uma tese de doutorado na França sobre a educação médico-pedagógica, como um predecessor de Séguin, seu discípulo que se dedicou à educação dos deficientes. Nos Estados Unidos, Itard será lembrado por psicólogos como, por exemplo, Gesell (1941) em um momento em que se reaviva um clima em torno do estudo de crianças selvagens. Com a constituição do campo da psiquiatria e psicanálise infantil, Victor, o garoto selvagem e seu mestre Jean Itard, passam a ser objetos de interesse de representantes desta área; é assim que Léo Kanner, nos Estados Unidos, descreve em 1943, o quadro de “autismo infantil precoce” termo emprestado do suíço Bleuler e aponta Itard como um precursor desse domínio de investigação (cf. Kanner,1960). Pouco mais tarde, o psicanalista Octave Mannoni também escreve um artigo que se tornou um clássico a respeito de Itard, publicado no Temps Moderne (1965), um ano após o aparecimento do livro de L. Malson “As crianças selvagens: mitos ou realidades” no qual os relatórios são novamente editados. Merece também ser mencionado o livro de H. Lane “The wild boy of Aveyron” de 1976 publicado nos Estados Unidos que amplia a discussão sobre Itard e o Selvagem, sobretudo no terreno da educação de surdos.
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