segunda-feira, 28 de março de 2011

Contributo de Itard para a Psicologia

Jean Marc Gaspard Itard, nasceu na cidade de Provençal de Oraison no sul da França no dia 24 de abril de 1774 e morreu no dia 5 de julho de 1838 em Paris. Jean Itard foi criado por seu tio, na cidade cônego da catedral de Riez, e em seguida foi para Marsella, onde concluiu seus estudos básicos.

Desde que foram escritos, entre 1801 e 1805 os relatórios de Jean Itard têm conhecido sucessivos eclipses seguidos de redescobertas. Narrativas datadas de quase duzentos anos, os relatórios de Jean Itard continuam extremamente atuais e provocadores, não só pela situação que apresentam, como pelo relato de uma experiência pedagógica com características peculiares, ou seja, a tentativa de educação de uma "criança selvagem". Diferentes pesquisadores cujos nomes se encontram relacionados ao campo educacional e clínico e mais precisamente ao que denominamos de educação especial, se interessaram por esse trabalho. Assim é que a médica e pedagoga italiana Maria Montessori (1870-1952) entusiasma-se, no final do século XIX, de tal forma pelos relatórios de Itard que os recopia à mão. Em 1914, o nome de Itard é mencionado, em uma tese de doutorado na França sobre a educação médico-pedagógica, como um predecessor de Séguin, seu discípulo que se dedicou à educação dos deficientes. Nos Estados Unidos, Itard será lembrado por psicólogos como, por exemplo, Gesell (1941) em um momento em que se reaviva um clima em torno do estudo de crianças selvagens. Com a constituição do campo da psiquiatria e psicanálise infantil, Victor, o garoto selvagem e seu mestre Jean Itard, passam a ser objetos de interesse de representantes desta área; é assim que Léo Kanner, nos Estados Unidos, descreve em 1943, o quadro de “autismo infantil precoce” termo emprestado do suíço Bleuler e aponta Itard como um precursor desse domínio de investigação (cf. Kanner,1960). Pouco mais tarde, o psicanalista Octave Mannoni também escreve um artigo que se tornou um clássico a respeito de Itard, publicado no Temps Moderne (1965), um ano após o aparecimento do livro de L. Malson “As crianças selvagens: mitos ou realidades” no qual os relatórios são novamente editados. Merece também ser mencionado o livro de H. Lane “The wild boy of Aveyron” de 1976 publicado nos Estados Unidos que amplia a discussão sobre Itard e o Selvagem, sobretudo no terreno da educação de surdos.

sexta-feira, 18 de março de 2011

O caso de Genie - Inato vs Adquirido

O inato contra o adquirido é até hoje alvo de grande debate na comunidade científica. Trata-se da discussão sobre o que faz o que somos no nosso mais profundo nível de personalidade e individualidade. Até que ponto somos pré-determinados física e psicologicamente pelos nossos genes e até que ponto o ambiente no qual somos inseridos nos molda biologicamente a nível comportamental e neuronal.
            Do ponto de visto do Dr.Robert Sapolsky, professor de Neurologia da Universidade de Stanford, Califórnia, vivemos sobre uma falsa dicotomia construída à volta do ser a natureza o factor determinante da base de causalidade da vida. Não sendo, de longe, o ADN o principal factor determinante da nossa concepção como ser humano. Por outro lado no adquirido, as influências externas do contexto onde somos inseridos, é falso pressupor que os humanos não estão livres de factores biológicos que afectam a sua personalidade e condicionam o seu comportamento e obviamente a sua fisiologia. Segundo ele é impossível ver até que ponto os factores biológicos funcionam fora do contexto ambiental e social.


            Dentro de um consenso entre o Inato e o Adquirido podemos constatar cientificamente que não existem comportamentos genéticos. Apesar de os genes nos darem pré-disposições para certo tipo de comportamento estes não são pré-determinantes, ou seja, o comportamento que está codificado no nosso código genético só será constatado no crescimento do ser humano se estes sofrer algum estimulo que indicie o desenvolvimento desse tipo de comportamento. Por exemplo, os suicídios são maioritariamente cometidos durante a fase da adolescência e a taxa de suicídios é substancialmente superior em casos onde se verificou algum tipo de abuso infantil. Durante a autópsia destes casos específicos os cientistas descobriram que os abusos alteraram geneticamente o crescimento normal do cérebro. Este acontecimento é conhecido como epigenético onde activamos ou desactivamos certos genes.
            No caso de Genie onde uma rapariga esteve isolada durante um período crucial do seu crescimento a nível neuronal os psicólogos encarregues do estudo e reabilitação da criança tentaram frustradamente ensinar-lhe capacidades linguísticas de modo a que esta conseguisse formular uma frase. Supúnhamos agora que um bebé nasce com os olhos perfeitamente normais e é mantido durante cinco anos num quarto escuro. Essa criança será consequentemente invisual para o resto da vida. Isto porque os sistemas cerebrais que seriam responsáveis pelo desenvolvimento das capacidades visuais não foram submetidos a estímulos do ambiente logo atrofiaram e morreram. O Darwinismo Neuronal é uma teoria sobre o funcionamento do cérebro de Gerald Eldman que introduz o conceito de que os circuitos no cérebro que são estimulados pelo ambiente desenvolver-se-ão naturalmente enquanto aqueles que não foram estimulados não serão tão bem desenvolvidos ou nem sequer existiram. No caso de Genie durante o período critico da aprendizagem da língua as ligações no cérebro responsáveis por esta capacidade não se desenvolveram e apesar de anos de instrução intensiva da linguagem Genie nunca dominou os aspectos mais básicos da construção frásica e da expressão linguística levando-me a crer que ela nunca seria capaz de alguma vez adquirir essa capacidade. Isto porque a sua capacidade inerente da fala que é constatada em todos os seres humanos não foi devidamente estimulada logo não se desenvolveu e atrofiou. Apesar do esforços, penso que o objectivo de fazer com que Genie conseguisse ter uma relação social normal será dificilmente se não impossível de concretizar devido ao retrocesso biológico em que ela se encontrava.



segunda-feira, 7 de março de 2011

Wilhelm Wundt

Wilhelm Maximilian Wundt (1832-1920) foi um médico, filosofo e psicólogo alemão. É considerado um dos fundadores da moderna psicologia experimental.
Wundt definia a psicologia como uma ciência da consciência, seu objeto a experiência imediata tal como é dada direta e fenomenalmente ao observador.
Analisava os compostos e complexos conscientes a partir dos elementos ou unidades: sensação (conteúdo objetivo da experiência imediata) e sentimentos ou afetos. As sensações podem ser classificadas de acordo com a modalidade sensorial em que são recebidas; além disso, possuem qualidade e intensidade.
Para Wundt, a mente executa uma síntese química mental que se processa através da associação e que se realiza de três formas: pela fusão, onde os elementos combinados aparecem sempre juntos, como é o caso da nota musical; Pela assimilação, que é também uma combinação de elementos em que nem todos estão presentes do consciente. Quando se vê uma casa por exemplo, podem não estar presentes na consciência, as figuras que compõem aquela casa (triângulo, rectângulo, quadrado). Como na fusão, essa combinação gera um produto novo que não é o resultado da simples soma dos elementos; A terceira forma é chamada complicação, em que se reúnem elementos de diferentes modalidades e sentidos: a noção do sabor e da temperatura.